Ela olhou pela janela. Apreciou a paisagem, o céu estava desapontado, com feições
melancólicas e distantes. As nuvens pareciam estar fartas de tanto vai e vem, e o
vento soprava só por soprar. Ela olhou para o muro, onde um gato malhado andava
sem rumo, direção, sem sentido, sem emoção. O pobre animal saltou, aterrissou
na relva molhada, seguiu seu destino, em plena liberdade segundo seus instintos.
Ela colocouas mãos no vidro empoeirado da janela, respirou fundo, mas
parecia que algo a preservava ali, mesmo com todo aquele sentimento de angustia,
mesmo com todo o medo e pavor, seu lugar era ali, onde o céu não era ao menos
feliz, onde os pássaros cantavam baixinho e com pesar, onde o tempo passava
pesaroso, e o amor, ah o amor, onde o amor não podia imperar. Ela passou a
mão no rosto, prendeu os longos cabelos escuros, sentou em sua cadeira velha e
bamba, pegou seu livro, o mais fiel companheiro para todas as horas, e se entregou
a história das páginas amareladas e carcomidas. Conforme escurecia, ela via o
gato escuro passando de um lado para o outro, mas aquilo pouco importava, afinal,
ali, por trás da janela, ninguém podia vê-la.
...
Há 10 anos
4 comentários:
Sem palavras...
Perfeito o modo como descreveu a solidão dela. Muito bom!!!
Beeeeijoos...=)
ameii. queria ter esse dom de descrever minha solidão.
Postar um comentário