Nem preto nem branco


Andava ele na rua, estava chovendo forte, as gotas não deixavam com que
ele visse nitidamente seu reflexo nas poças formadas rente ao meio fio. Naquele dia nem preto nem branco, ele não gostou do seu reflexo, não gostou da sua descrição, não gostou do que viu no espelho trincado. Achou a solução, camuflou-se com mentiras, camuflou-se com um saco de palavras, de virgulas de pontos e finais que nada dele tinham. A principio foi bom, mais depois não havia mais sentido em tudo aquilo, mais o circulo vicioso estava formado, não havia escapatória. Uma farsa entrelaçada na outra fazia com que os tropeços no barbante das mentiras, fizessem constantes. Foi então, que depois de muitos invernos o outono chegou. As folhas das inconstantes caducifólias insistiam em cair. Ele respirou fundo, precisava se livrar de todo aquele personagem obscuro. Rasgou em incontáveis pedaços a mascara que cobria seu rosto, desenrolou o barbante farsante, e resolveu ser quem realmente era. O sol raiou alto no céu, enquanto o vento carregava as folhas que no chão caídas estavam.

2 comentários:

Anônimo 10 de outubro de 2009 às 21:33  

E finalmente ele pode ser ele mesmo.

Unknown 9 de novembro de 2009 às 21:32  

"As folhas das inconstantes caducifólias insistiam em cair."
Não esperava por essa :xx
Cuurti muito :D

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Não há sentido em decifrar o que há dentro de cada um. Cada cenário diz respeito apenas ao ator que o utiliza como meio de brilhar, imaginar, como ferramenta para existir dento de si.

Aline Ribeiro Cunha.

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"O coração da mulher é assim; parece feito de palha, incendeia-se com facilidade, produz muita fumaça, mas em cinco minutos é tudo cinza que o mais leve sopro espalha e desvanece." Manuel Antônio de Almeida

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