Risos distantes


Aquela menina séria, que esconde suas doces gargalhadas. Eu sei que ela existe, na realidade não posso afirmar que alguém existe ou não, mas esse não é o ponto em que quero chegar. Afinal a existência é obscura, penetrante e freneticamente energizante. A verdade é que eu inocentemente acreditava nas risadas da menina, que já não era travessa, que já não soltava gritinhos suaves enquanto corria, tropeçava, caia, se levantava, olhava para os cantos e ria. Era indescritível escutar os risos que vinham dela e não rir junto, e não sentir um sentimento puro, nem um pingo de apelo social, nem interesse, e principalmente sem nenhum tom sínico. Eu acreditava que aqueles risos apenas saiam do espírito amável dela, eles inundavam o meu ser. Mas o tempo passou, bem o tempo passou mais rápido que o comum; não sei ao certo o que é comum ou bizarro, mas sei que o incomum surpreende de uma forma ácida. E ele passou, carregou uma boa parte da inocência da minha criança, carregou seu olhar curioso, que gostava de explorar o novo. Carregou seu pequeno tamanho, seus cabelos despenteados e cacheados. Mas principalmente carregou suas risadas inocentemente perfeitas. Eu continuava a amar minha menininha, digo, minha, bom eu não sei se agora ela é garota, moça ou mulher, mas continuava a ser a minha doce menina. Eu agora ficava sentado na minha velha cadeira de balanço, na sacada da minha antiga casa a interrogar insanamente o tempo. Porque você carregara os constantes risos da minha garotinha? Prá onde eles foram? E enquanto me entregava ao surreal avistava a imagem dela estacionando seu carro na garagem e me beijando a testa. Eu acredito filha, na sua doce risada, no seu brilhante sorriso, eu sempre acreditarei, mesmo enquanto eles insistem em se esconder. Eu dizia enquanto ela subia as escadas afoita sem poder escutar o que eu sussurrava. Fechei os olhos e novamente me entreguei aos nostálgicos sonhos da macia infância de minha risonha menina. Eu estranhamente ria durante o meu adormecer.

ps: A dona Lara Lincoln (filha do presidente, aushauhs) que me deu inspiração para escrever este texto, e também dedico a Rachel (Keels), porque um dia ela me falou de um texto assim, (que eu não li até hoje ¬¬', hehehe). Valeuu meninas. (:

São lembranças


Fecho meus olhos, tudo vem a minha mente. Lembranças correm como ondas do mar misturando a areia com todos aqueles antigos sentimentos. E eu olho pra trás e vejo que muita coisa mudou. Tantos olhares perdidos na imensidão do meu universo. Tantas voltas foram dadas, e muitas delas levaram ao mesmo lugar. Não posso dizer que me arrependo ou que não me arrependo porque a vida, a nossa curta vida é feita de grandes saltos e enormes tropeços. Já cai, me machuquei, mas também ja dei saltos tão altos que quase alcancei as estrelas lá no alto, e meu olhar refletiu tantas vezes aquele intenso brilho. Minhas páginas em branco transformaram-se, agora estão cheias, dos meus momentos. Tão intensos, tão rápidos, tão sublimes, únicos. Alguns nunca mais vão voltar, nunca mais terei o prazer de vivê-los de novo, e é isso que os torna tão perfeitos. Tudo agora se resume em lembranças, talvez o bem mais precioso que ninguém nunca nos roubará, que são compartilháveis, que são o resumo de tanto, que são o resumo de certa forma de tudo.

Refletindo sobre reflexos




Sabe, as vezes eu paro e penso como as coisas estão ficando desbotadas com o passar do tempo. Eu não sei se é porque, com o passar de dias, meses, anos, tudo vai ficando mais comum, ou porque tudo vai ficando mais bizarro. Às vezes as coisas ficam tão superficiais que quando caímos na real parece que estamos vivendo numa sociedade plastificada pelo brilho da tecnologia, praticidade, e sutileza exacerbada de relações. Aqui estão alguns exemplos fúteis dos quais estamos fartos de apreciar. Contato com a natureza, só se for pelo papel de parede do computador, somos capazes de pegar uma insolação com a intensidade dos raios solares expostos no monitor. Amizades tornaram-se convenções sociais, quantas vezes não"engolimos" a compania de determinada pessoa apenas para tentar impressionar alguém, provocar ciúmes, ou até mesmo despertar olhares vazios de interesse em algo concreto. Fazer reais sacrifícios para transmitir uma imagem do que não somos, mas do que queremos ser. Vivemos em meio a uma sociedade espelhada, que reflete vícios, apelos, podridão, que refletea fantasia da boa vizinhança. Porque na realidade o que importa é a nossa falsa imagem exposta noespelho. Deixemos de nos preocupar com o nosso cárater, porque facilmente podemos modificá-ló superficializando nossa personalidade, maquiando nossas expressões, despindo os nossos princípios. Se o que realmente buscamos é um futuro teatral, banhado de diferentes vilões, estamos conseguindo atingir o objetivo facilmente, porque cada vez mais adoramos a inconstância de nossos figurinos, resultando quase que sempre em personagens incostantes perante nossos princípios, isto é, se algum dia tivemos algum.

Quem não precisa ?


O amor precisa de mais afeto. A paz precisa de menos conflitos. A intimidade precisa de menos vergonha. A cumplicidade precisa de menos interesse. A verdade precisa de menos mentiras.A realidade precisa de menos fantasias.A honestidade precisa de mais transparência. A felicidade precisa de mais simplicidade. O ódio precisa de menos amargura. A amizade precisa de mais sinceridade. A espontâniedade precisa de menos bloqueios.O afeto precisa de mais carinho.A vida precisa de mais cor. O vento precisa de menos obstáculos.O tempo precisa de menos ponteiros. A impaciência precisa de mais tolerância.A esperança precisa de menos ilusão.A imaginação precisa de menos barreiras. O novo precisa de mais inovação. O sucesso precisa de menos brilho.

Existir


Eu quero ser real. Não quero mais basear minhas ações em personagens de filmes de romance ou atores comediantes. Eu preciso conhecer a essência da minha mente e reproduzir papéis reais, que não são copiados, que não são frutos da observação. Como é triste conhecer seu reflexo no espelho, e com as rugas e fios brancos de cabelo perceber que tudo não passou de uma peça teatral regada de falas decoradas. Inúmeras maquiagens compunham quem eu iria interpretar, trajes coloridos ou discretos denunciavam meu próximo caráter. Mas, como uma caixa de surpresas eu trapaceava as conclusões precipitadas dos meus fãs, quem dera eles existissem na realidade, e num instante mudava o desfecho escrito nos papéis estabelecidos para que alguém ganhasse vida. Às vezes eu conseguia transformar o mocinho no vilão. Outras a donzela virava fada madrinha. Mas eu acho que grande parte disso tudo era resultado de delírios, delírios tais que meu inconsciente fazia questão de dizer que não passavam de realidade. Era divertido me vestir de artista, era gostoso escutar os aplausos, quem dera eles existissem na realidade. Era bom sentir que uma parte daquilo fazia parte de mim, da minha verdadeira essência. Meus olhos brilhavam quando eu era a heroína, e era inspiração para crianças inocentes. Quando as premiações chegavam, e eu colocava um vestido vermelho, o orgulho de mim mesma transbordava, quem dera ele existisse na realidade. Uma das partes mais imponentes, era quando meus cabelos eram tingidos, um loiro brilhante, e eu incorporavauma mulher forte, sedutora, quem dera ela existisse na realidade. E quando eu me escondiaatrás das cortinas, bordadas de dourado, e fingia ser menina moleca, cheia de curiosidade, ah, isso era como a liberdade para mim, quem dera ela existisse na realidade. Enfim, todos os papéis, personagens, todos os "eus" que interpretei carregaram uma parte linda, mágica, curiosa, triste da minha história, ah, quem dera ela existisse na realidade.

Imaginário


Simplesmente não faço mais parte da minha realidade. Ou melhor, minha ex realidade. Comouma roupa velha, muito tempo sem ser usada, não veste bem; minha realidade parece que laceou.Uma espécie de vácuo, uma luz intensa em direção aos meus olhos, eu paro por um instante, tento enxergar o que há por trás. Mas a luz, é muito forte para ser ignorada. Aos poucos fico cega, masessa cegeira esta caindo como uma luva. As vezes essa neblina deixa tudo bem mais fácil, porqueé bom ser transparente, invisível. Mas quando a solidão bate a porta, ah caro amigo, aquela espessaneblina passa a tornar-se um impecílio impenetravel. A luz continua a machucar. Nessa neblina e eume encontro, bem no centro, bem no centro de tudo, todos. Meia noite, todos tornam-se extremamenteinsignificantes. Minha única vontade é ser parte da forte luz, aquela que tanto me cegou. Chega a serengraçado esse antagonismo, um engraçado bem peculiar, amargo. Mas agora pouco me importo em sanidade, porque a minha realidade fugiu de mim, decidiu assolar outra alma qualquer. Ser parte da luz não deve ser tão ruim afinal.

Objetivar e sonhar


Objetivos, podem estar distantes, ou próximos de serem alcançados. Pode ser que sejam um pouco egoístas, ou engraçados, quemsabe? Somos movidos por eles, vivemos, por eles. Pode ser que não esteja tão explícito assim, mas no fundo sempre há algo quedesejamos. Algumas explicações insanas podem ser compreendidas. Desejamos porque no fundo, ficaremos felizes quando finalmenteconquistarmos algo idealizado. Na realidade, não importo com filosofias, pois sei que minhas vontades ajudam minhas lágrimas ficarem escondidas por mais tempo. Meus objetivos, por mais surreais que sejam, despertam sentimentos serenos. A mais limpa sensação do frio na barriga, a mais singela expressão de vitória, o suspiro tão prazeroso de conquista. Tudo issofaz parte da corrida em direção aos planos que traçamos, em nossa vidinhas pacatas, agitadas, modernas, e inteligentes, quem sabe ?Seria pretenção dizer que eles sempre são alcançados, e prepotência afirmar que nos levarão à um lugar melhor. Mas o simplesfato de te-los presente em nosso intimo, nos faz pessoas mais crentes em momentos acolhedores. Objetivos podem sersimples, bizarros, e quem dera, brilhantes. A questão é que não há barreiras para que possamos traçá-los, portanto quantomais imaginarmos e acreditarmos mais perto deles estaremos. E isto é fato, pelo menos perante a minha forma de acreditare "objetivar".

Caustrofóbico


Outro dia desses li numa tira de papel, perdida sobre uma superfície qualquer a seguinte idéia: solidão não é se sentir sozinha,
é estar no meio de mil pessoas e sentir falta de uma.
Daí um monte de perguntinhas resolveram tentar procurar respostas na minha mente.
Porque temos a necessidade de sentir a presença de determinada pessoa?
Porque conseguimos nos identificar com alguém que nem bem conhecemos? Será que somos carentes demais, ou sozinhos demais
ao ponto de ter que procurar companhia incessantemente? Ah, só sei que o sentimento de ser acompanhada, e saber que alguém
se preocupa conosco vale a pena. Tenho medo de me entregar a novas experiências. Mas tenho pavor de novamente me encontrar
“caustofóbicamente” rodeada por muitos, mas observada por poucos. Ou melhor, por nenhum, que realmente se identifique com a minha atmosfera hostil.
Ps: A frase que dá início ao texto eu li no nick da minha amiga Isabella, uahsuahus, e acheii bem legal... Brigada por deixar roubar teu nick amiga, *---*
Beijokas.

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Não há sentido em decifrar o que há dentro de cada um. Cada cenário diz respeito apenas ao ator que o utiliza como meio de brilhar, imaginar, como ferramenta para existir dento de si.

Aline Ribeiro Cunha.

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"O coração da mulher é assim; parece feito de palha, incendeia-se com facilidade, produz muita fumaça, mas em cinco minutos é tudo cinza que o mais leve sopro espalha e desvanece." Manuel Antônio de Almeida

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