Solilóquio

Tenho o papel (alvo), a tinta e a pena. Pena de mim pois por mais que tente não acho o que mais preciso. Monólogo inútil e desprezível. Ainda mais desprezível é sentir pena de si mesmo. Mas é o que sinto pois quando escrevo não sou eu quem me ocupo em ser. A alma de poeta, escritor transfigura-se e pronto. Ou melhor, ponto. E daí em diante é só deixar fluir a inspiração, não há calculo, raciocínio quiçá planejamento (particularmente). A problemática no entanto reside na ausência da inspiração. Note que digo inspiração, não dom. Será este um pensamento egocêntrico? Não ligo! Ora, não ligam pra mim, logo porque devo eu ligar para o possível sentimento alheio? AH, é melhor que eu pare por aqui afinal falar de sentimentos envolve muita complexidade, ao contrário da escrita; complexidade patológica eu diria, beirando a loucura, a falta de razão. Fico eu com o papel (não mais alvo), também não digo que este turvou-se com utilidades e filosofia e digo isso com o intuito de massacrar possíveis expectativas. Fico também com um resto de tinta, que será combustível ao transformar pensamentos em algo palpável. Já a pena, ah! Não quero deixar-me perturbar com essa pequena plebéia. Monólogo inútil!

2 comentários:

Pedro Figueira 1 de novembro de 2010 às 19:32  
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Figueira 1 de novembro de 2010 às 19:33  

Nossa, né? É uma chatice querer escrever e não tar inspirado. Adorei o texto =)

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Não há sentido em decifrar o que há dentro de cada um. Cada cenário diz respeito apenas ao ator que o utiliza como meio de brilhar, imaginar, como ferramenta para existir dento de si.

Aline Ribeiro Cunha.

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