Imaginário Pianista


As estrelas estavam esparramadas no céu e junto delas, a lua, destacando-se com seu
brilho imensurável, atraindo olhares perdidos. Uma estranha garota roubara todo aquele brilho lunar
e colocara em seu olhar. Depois, suspirou fundo e sentiu no peito, seu jovem coração
afoito, bater mais rápido, tirando-lhe o folêgo. Adentrou o salão, sentiu algo
como um calafrio, não sabia dizer se aquilo agradáva-lhe ou apenas a deixava
ainda mais suspensa diante de tantas emoções inexplicáveis. Mas que ironia!
Nada havia ela marcado, quiçá agendado para aquela noite. Como conto de
fadas, apenas ouviu logo pela manhã o canto dos pássaros, inspirando-a a ser feliz,
pelo menos daquela noite. No infinito daquele salão ouviu a melodia suave
de um piano fazer-se presente em seus ouvidos, em sua mente. Fechou os
olhos lentamente enquanto suspirava de modo a sentir cada novo aroma
presente. Caminhou em direção a melodia, passo a passo foi percebendo
que a música remetia a infânfia, um sentimento nostálgico mas sereno
deixou sua noite ainda mais especial. Chegou ao pé do piano, que iluminado
à luz de velas parecia ainda mais bonito. Mas para surpresa da garota ninguém
era responsável por toda aquela música majestosa. Ela, absorta, parou de
pensar, como se isso fosse possível. Deitou e adormeceu ali mesmo, enquanto
era hipnotizada pelas lembranças. Dormiu, quem sabe acordou, afinal a diferença
entre o real e o imaginário só existe dentro de nós e pertence somente a nós.

Perdidos ?


Para onde eles fugiram? Eu não encontro, por mais que procure em cada entranha
da minha vida não obtenho resultado algum. Já revirei as caixas de lembranças que
guardo no alto do armário, encontrei fotos, diários, recortes e objetos que me
fizeram rir e chorar, mas não achei o que procurava, sentei ofegante no pé da cama,
passei as mãos no pescoço e ri perante a ineficácia do meu procurar. Resolvi dar uma
volta na praça perto da minha casa, que por sinal andava perfeitamente entediante.
Vi pessoas, que nunca tinha visto na vida e que provavelmente nunca mais verei,
mas também, se voltasse a encontrá-las certamente não as reconheceria. Tolice.
Ouvi o badalar dos sinos imponentes da matriz, caminhei enquanto tentava lembrar
das minhas inspirações, aquelas que com certeza deram origem, bem, deram
origem a tudo que preciso no momento. Cheguei à minha casa, adormeci. Encontrei,
encontrei, encontrei,tenho tudo que preciso agora! Mas como sonho de uma noite,
noite sem ser de verão, perdi-os diante da imensidão do meu inconsciente.
Malditos sonhos, porque insistem em fugir de mim ?

É natal

Porque é sempre assim, essa rotina dita anual,
as luzes acendem-se no jardim,
a estrela brilha no topo de uma árvore,
dita de natal.

Presentes, preparativos, despesas,
Um suspiro pesaroso, ainda há muito a fazer,
muito a fazer, e pouco temos dormido,
afinal são muitas as expectativas (falsas).

É chegada a véspera, as luzes brilham!
Brilham mais plastificadas, alta voltagem, (220 ou 110?).
Abraços superficiais, mas afinal é natal!
É valido que vistamos máscaras,
pelo menos no natal, sejamos felizes.

"Mas e a essência?"
"Ah, essa não vendia na loja mãe."
Deixa para o ano que vem,

que vem, que vem, que vem...

Que na realidade nunca existiu,
nunca existirá.
Somos todos assim,
superficiais,
manipuláveis,

modificados por luzes artificiais de um dito natal,
que perdeu-se na podridão da humanidade.

"Olha filho, é a estrela cadente! Faça um pedido,
e ele se realizará."

"Eu escolho o natal, digo, Natal!"
Inocência de criança...

Bate o sino pequenino,
essencial.

About this blog


Não há sentido em decifrar o que há dentro de cada um. Cada cenário diz respeito apenas ao ator que o utiliza como meio de brilhar, imaginar, como ferramenta para existir dento de si.

Aline Ribeiro Cunha.

About Me

"O coração da mulher é assim; parece feito de palha, incendeia-se com facilidade, produz muita fumaça, mas em cinco minutos é tudo cinza que o mais leve sopro espalha e desvanece." Manuel Antônio de Almeida

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