Eclipsado navegar

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Andando e tropeçando, ela seguia
Ouvia passos, sentia calafrios
Estranho sonho: fugir, recuar, correr
Estava ela sozinha , totalmente sozinha
Buscava olhares, luz ansiava, procurava paz.

Andando e vagando, buscando sentido.
Menina caricata, tentando amar
Estrela cadente, sol poente
Favoritas paisagens, sempre procurava

Final e começo, ela escolheu
Tempo travesso, divergentes escolhas
Sentido sem ordem, personagem sombria
Talvez arredia, noite sem lua.



PS: O diferente desse poema, é que, você pode ler as palavras de trás pra frente que também faz sentido. Espero que gostem. ;D

Não volta jamais


Saudade do tempo em que eu tinha medo do escuro. Saudade do tempo onde o paraíso era o parquinho da praça. Saudade do tempo onde minhas bonecas eram como amigas. Saudade do tempo onde meus cabelos viviam cheios de fitas. Saudade do tempo onde dar as mãos era um ato de confiança. Saudade do tempo onde o meu refúgio era uma cabaninha de lençóis. Saudade do tempo onde eu brincava de desenhar sonhos com aquarela. Saudade do tempo onde eu corria sem me preocupar. Saudade do tempo onde o relógio era apenas um enfeite. Saudade do tempo onde minhas risadas eram puras e inocentes. Saudade do tempo onde eu corria e rodava até me cansar. Saudade do tempo que não vai jamais voltar.

Ali era o seu lugar


Ela olhou pela janela. Apreciou a paisagem, o céu estava desapontado, com feições
melancólicas e distantes. As nuvens pareciam estar fartas de tanto vai e vem, e o
vento soprava só por soprar. Ela olhou para o muro, onde um gato malhado andava
sem rumo, direção, sem sentido, sem emoção. O pobre animal saltou, aterrissou
na relva molhada, seguiu seu destino, em plena liberdade segundo seus instintos.
Ela colocouas mãos no vidro empoeirado da janela, respirou fundo, mas
parecia que algo a preservava ali, mesmo com todo aquele sentimento de angustia,
mesmo com todo o medo e pavor, seu lugar era ali, onde o céu não era ao menos
feliz, onde os pássaros cantavam baixinho e com pesar, onde o tempo passava
pesaroso, e o amor, ah o amor, onde o amor não podia imperar. Ela passou a
mão no rosto, prendeu os longos cabelos escuros, sentou em sua cadeira velha e
bamba, pegou seu livro, o mais fiel companheiro para todas as horas, e se entregou
a história das páginas amareladas e carcomidas. Conforme escurecia, ela via o
gato escuro passando de um lado para o outro, mas aquilo pouco importava, afinal,
ali, por trás da janela, ninguém podia vê-la.

Sacolas cheias de sonhos


Voo devagar, vejo pessoas andando em direções distintas, cada qual levando
seus sonhos nas costas. A sacola dos sonhos pesa muito, chega a incomodar,
porque quanto mais queremos que eles ganhem assas e conosco voem, mais
eles pesam, e nos deixam com os pés firmes, no duro chão. Chega uma hora
que as costas começam a doer, porque as sacolas insistem em pesar, pesar
demais, para uma só pessoa. É dada a sentença final, abandonamos a sacola
numa esquina qualquer, esquecemo-nos dela. Para os nossos sonhos resta
uma única opção, se dissolver com a primeira chuva forte, e eles simplesmente
deixam de existir. Nas costas, já não carregamos o peso da sacola pretensiosa,
e na mente não mais enxergamos a ilusão de um dia dar asas ao conteúdo que
tanto nos incomodou, mas que um dia faria com que realmente fizéssemos parte
de um voo real.

Ligação desconhecida


Silêncio do outro lado da linha. Ela ali, segurando seu celular rente ao lado
direito do delicado rosto. Era uma chamada perdida, número desconhecido, ela
não fazia a mínima idéia de quem era. Parecia distraída esperando por uma resposta
do outro telefone. Andava de um lado para o outro, um pouco impaciente, quem sabe?
- Alô ? - Eu respondi, despreocupada, era apenas mais uma ligação na minha vida,
sem motivo, apenas mais uma simples ligação.
- Alô, quem fala ? - A menina esboçava pressa na sua voz persistente.
- Com quem gostaria de falar ? - Eu não deixaria meu nome escapar tão fácil assim, afinal aquilo poderia ser alguém, me descobrindo. Construí minha personagem, seria uma senhora, de voz doce e afetuosa.
- Ah.- Ela balbuciou- Aqui é a, Eduarda. É que tem uma chamada desse número aqui
no meu celular, e, bem eu gostaria de saber se alguém daí me ligou...
Então Eduarda era seu nome, era imponente. Eu precisava dizer meu nome,
qual sería o escolhido desta vez ? Precisava ser o mais natural possível.
-Olha, eu moro sozinha querida, e a velhice está tomando conta dos meus neurônios,
sabe como é?- A respiração dela pareceu ficar mais desregulada.
-Sim, me desculpe, então a senhora deve ter me ligado por engano. Qual teu nome ?
Eu sabia que ela faria essa pergunta, eu tinha experiência no que fazia.
- É Beatriz, desculpa o incomodo meu doce, deve ter sido engano. - Tenho certeza que ela sentiu pena de mim nesse momento.
-Magina. A senhora mora sozinha mesmo ? - A jovem pareceu se arrepender após fazer esta pergunta. Ela devia me achar vulnerável demais para viver sem compania.
-Sim. Na realidade minha filha caçula que morava comigo se casou mês passado, e passei a morar sozinha.
-Mas não é perigoso demais? - Ela realmente tinha caído na armadilha.
-Não sei, já não posso julgar o que é seguro e o que é perigoso, meus pensamentos andam tão confusos. - Fingi um suspiro pesaroso no final da minha fala.
- Pode parecer estranho, mas, porque a senhora não me dá seu endereço, eu ando tão entediada ultimamente, e a senhora parece estar meio solitária.
Se eu fosse uma pessoa boa teria sentido dó. Eduarda, o significado desde nome eu sabia bem: próspera, guardiã. Mas eu não era boa, e não senti nenhuma compaixão daquela que, pelo menos por pouco tempo, queria ser minha guardiã.
-Você parece ser uma mocinha muito generosa. Espere só um momento, vou pegar o papel onde está escrito meu endereço. Você espera?
-Sim, claro, pode procurar com calma dona Beatriz.
Eu fiz barulho abrindo a gaveta do meu cômodo velho, peguei uma folha, para que os sons parecessem reais.
-Achei, você pode anotar ?
-Sim, já estou com caneta e papel nas mãos. - A voz dela, de repente, pareceu vigorosa.
-É Rua das Lembranças, número 163.
-Certo, e só mais uma pergunta Dona Beatriz, que cor é a sua casa, fica mais fácil para encontrar assim.
-Espera, com quem eu estou falando mesmo ?
-Com Eduarda, a senhora não se lembra? Eu ia fazer uma visitinha, ai na casa da senhora.
-Sinto muito mocinha, mais eu não conheço nenhuma Eduarda. - Desliguei o telefone, e sentei novamente na minha cadeira de balanço. Ela apenas escutou o pi, pi, pi, da ligação terminada no celular. Deve ter ficado confusa, um pouco impaciente, quem sabe?

Só ou rodeada ?


Antes só do que mal acompanhada. Com certeza, a paz da solidão, se é que isso
existe, é melhor do que a tormenta da compania de muitos que não valem nada. Mas
quem sou eu pra dizer o quanto alguém vale? Eu só posso dizer que estar junto de
alguém que não me faz bem, é tão insuportável quanto viver sem ninguém. Ora,
e quando todos que me rodeiam não me fazem bem? Só me resta a solidão, mas
a solidão é algo horrível para mim. Não sei para onde ir, para onde olhar, qual
caminho escolher. Fico assim, perdida no vazio dos meus pensamentos, apenas
esperando pela presença de alguém, que seja bom. Se eu estou errada, ou minhas
opiniões são incoerentes, não sei. O fato é que a presença de seres inconstantes
e vazios, perto de mim já não posso suportar. Espero apenas não estar sendo hipócrita,
perante a minha maneira de inocentemente julgar.

Isso pode durar horas, dias, meses, anos...


Se arrependimento matasse, não haveria vida. Quem afirma que nunca se arrependeu, pelo menos disso um dia se arrependerá. Nós agimos conforme o momento, as pessoas que nos cercam e conforme as cosequências desses atos. Só que o cenário sempre muda, as estações se sucedem e nosso ponto de vista sofre profundas alteraçãoes. Então o arrependimento chega, acompanhado da flagelação mental. Isso pode durar horas, dias, meses anos ou infelizmente uma vida toda.O fato é que, quem nunca se arrependeu, nunca foi capaz de mudar e por consequência, não teve coragem para progredir, explorar, para o novo conhecer. Não digo que o arrependimento é algo bom, longe disso, mas digo que é necessário para adquirirmos experiência, e uma vida sem experiências, não pode ser vivida. O arrependimento pode ser reduzido, se uma boa dose de bom senso for adicionada às nossas ações, mas uma coisa afirmo, se arrepender é um dos principais degraus para um futuro bem estar.

Sorria


Se você fosse feliz, riria comigo e se alegraria com as minhas vitórias, mas como não é sente arrepios quando eu ingenuamente me alegro, quanto eu dou gargalhadas
imaturas, e brinco sem ter motivo. De você eu sinto dó, pois a tristeza consome almas
tão jovens quanto a tua, e abre cominhos para enormes desilusões. Aposto que se
anunciassem numa loja qualquer "compre aqui uma vida feliz", você seria a primeira a fazer uma oferta,e não mediria esforços para comprá-la, mas como o velho ditado diz, dinheiro não compra tudo. O prazer de se alegrar com coisas tão pequenas, para você é um desafio, pobrezinha, se soubesse como isso é bom, com certeza nunca mais esqueceria. Mas, tudo se encaixa,e cada um tem exatamente o que merece. Se para você a tristeza sobrou, eu lamento,não fui eu quem para você, isso desejou. Tente pelo menos transparecer serenidade, quem sabe assim, querida, alguém um dia, de você sinta a mais superficial piedade.

About this blog


Não há sentido em decifrar o que há dentro de cada um. Cada cenário diz respeito apenas ao ator que o utiliza como meio de brilhar, imaginar, como ferramenta para existir dento de si.

Aline Ribeiro Cunha.

About Me

"O coração da mulher é assim; parece feito de palha, incendeia-se com facilidade, produz muita fumaça, mas em cinco minutos é tudo cinza que o mais leve sopro espalha e desvanece." Manuel Antônio de Almeida

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